quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Diário de uma Pedra Lapidada: Como me tornei mãe da minha mãe II

O médico havia me desenganado e isso teve um motivo específico, o mesmo motivo que Deus permite que as pessoas cheguem ao fundo do poço ou ao limite de suas forças, Deus permite o desengano para que o homem quando Deus se manifestar dê a  glória devida  a ele, pois caso contrário os homens confessariam que suas vitórias resultam  de seus méritos ou do trabalho e da força do seu braço, eu fui desenganada duas vezes uma quando bebê por um médico profissional e outra já adulta por médicos espirituais, fui desenganada por pastores quando fiquei sem vontade de ir a igreja e em ambas as vezes Deus se manifestou e me deu vida quando fui desenganada de morte.  Assim é Deus ele se manifesta quando o homem dá o parecer e o laudo contrário. Deus escolhe-nos primeiro, não somos nós que o escolhemos. Ele já havia me escolhido no ventre materno como um instrumento da manifestação da sua glória e por isso eu vivi, como minha mãe fala eu peguei no peito e vivi. Não sabia  o que me aguardava no futuro e  de como eu teria que ser mais forte na minha vida do que tive que ser no meu nascimento. Essa e algumas atitudes da minha mãe para comigo ficaram marcadas na minha memória e sempre quando em momentos difíceis eu tinha que lutar por ela me lembrava que ela fez um sacrifício para que eu nacesse bem e que se não fosse por ela não estaria viva. A minha vida de filha durou 07 anos depois disso passei a ter que ser mãe da minha mãe e a amadurecer precocemente. Quando olho para mim vejo que sempre fui precoce, fui obrigada a ter atitudes de adulto antes do tempo, até falo que a minha infância durou apenas 07 anos e que por isso hoje ,depois de adulta, me vejo tendo atitudes de criança, me tornei mais criança depois de adulta...
Nesta época aos 07 anos minha mãe já com 03 filhos adoeceu, teve primeiramente graves problemas espirituais o que depois desencadeou em uma esquizofrenia que parecia incurável e sem retorno.
Eu tive que me conformar com a situação pois fui induzida a isso pelo meu pai que nas muitas vezes que falava comigo me lembrava: -A sua mãe é louca. A repetição prolongada desta frase soa como alienação parental e eu tive que manter o meu amor por ela independente do que eu ouvia e independente da discriminação sofrida. O laudo da minha mãe também não foi aceito facilmente pela família dela, a primeira vez que ela foi internada em um hospital psiquiátrico ocasionou um choque imenso na minha tia Rose que viajou de avião imediatamente até onde ela estava pois não acreditava que a irmã estivesse nesta situação, chegou na minha casa chorando e repetindo várias vezes -a minha irmã não é louca, isso é inaceitável, ele sempre foi normal. Eu me recordo da minha mãe antes desta doença, ela era perfeita mãe, cuidadosa, boa dona de casa, uma mulher que enxugava os pés do meu pai com a toalha e levava comida no prato nas mãos dele sem que ele precisasse fazer nenhum esforço e era também muito boa e caridosa, gostava de ajudar os necessitados e dar esmolas. Ela também tinha alguns principios morais fortes pois me lembro que ela pedia quase todos os dias para casar com meu pai no cível e na igreja católica pois havia casado na igreja católica ortodoxa( pois o divórcio do meu pai ainda estava em andamento). Lembro-me dela falando várias vezes- Esse casamento não valeu nada. E esse era o único motivo das brigas entre ela e o meu pai, o meu pai por sua vez afirmava não ser possível casar com ela na Igreja Católica pois nesta instituição religiosa só se casa uma vez e isso causava grande amargura nela que acreditava que o único casamento válido seria o feito nesta instituição romana...

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